segunda-feira, 29 de outubro de 2012

As imagens sacras esculpidas em pedras nobres
 expressam sentimentos humanos - Por: Aldo V. Silva
Além de lugar de descanso dos que partiram da vida na Terra, os cemitérios também são verdadeiros museus a céu aberto - com o diferencial de que as obras podem ser tocadas. Esculturas, túmulos, mausoléus e lápides contam histórias de damas e cavalheiros, garotos e meninas, senhores e senhoras que viveram em outras épocas; e documentam também a relação humana com a vida e morte. Sabe-se que os ritos da morte tiveram origem na pré-história, entre Egito, Palestina e Grécia antiga. Na trajetória até os dias de hoje, aprimoraram-se os cuidados com o corpo falecido - antes preparado envolto em lençol, passando por trajes especiais como de franciscanos, e a criação dos caixões -, até a origem de testamentos, despedida da vida, velório e cortejos.

Tanto é que boa parte dos antigos cemitérios brasileiros foram criados em meados do século 19, com o objetivo de garantir a salubridade pública e evitar epidemias - sinalizadas devido o irregular (mas cultural) sepultamento de pessoas nas igrejas. Isso porque, acreditava-se naquela época, que o falecido tinha de ser enterrado próximo a lugares santos, como a casa de Deus, mais precisamente ao lado de imagens sacras, pois isso o aproximava da salvação eterna. Mas como as condições precárias de armazenamento dos corpos ameaçava a saúde popular, o ritual de despedida do parente querido foi transferido para os cemitérios - palavra que provém do grego e significa dormitório, lugar de descanso.

O cemitério da Saudade, em Sorocaba,
 tem verdadeiros monumentos - Por: Aldo V. Silva
Até por isso também a crença originou outro costume, a construção de mausoléus e túmulos que se assemelhavam às antigas igrejas, sinalizados com imagens sacras - verdadeiras obras de arte esculpidas em pedras nobres e que expressam, ainda hoje, sentimentos humanos. Além disso, por meio das lápides informativas é possível descobrir a história de uma cidade, com detalhes de árvores genealógicas de famílias inteiras, qualidade de vida através da média de idade, as crenças locais, gosto artístico impresso nos diferentes modelos arquitetônicos, padrões econômicos e até a reação da família diante da morte - quase sempre visível nas inscrições e epitáfios. Isso sem contar os jardins paisagísticos - referência à paz e paraíso.

Por conta da imensidão de detalhes que norteiam a memória e a cultura de épocas e locais, muitas pessoas já descobriram o chamado turismo no cemitério. Por isso muitas unidades já dispõem de roteiros organizados, inclusive guiados por especialistas. Um exemplo é o Cemitério do Père-Lachaise, de Paris, que guarda os túmulos de Molière (dramaturgo), Chopin (pianista compositor), Balzac (escritor). No Brasil, o Cemitério da Consolação conta com visitação monitorada há 11 anos. Nele é possível encontrar túmulos de personagens importantes como do escritor Monteiro Lobato, da Marquesa de Santos, Campos Sales, Washington Luís, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade. Já em Sorocaba é o Cemitério da Saudade que eventualmente tem visita guiada.


(Fonte : cruzeirodosul.inf.br)



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