• Semana Cultural de Arte Moderna Darcy Ribeiro

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sábado, 17 de novembro de 2012


A cena da freira pintando no muro chama a atenção em Guajará-Mirim, RO.
Maria Eugenia sonha matricular seu aluno em uma escola de arte.

Monja  Maria Eugenia Bernardo, de 85 anos, é pintora desde os 14 (Foto: Rosiane Vargas/G1)
Monja Maria Eugenia Bernardo, de 85 anos, é pintora desde os 14 (Foto: Rosiane Vargas/G1)
A cena de uma monja de 85 anos pintando uma paisagem no muro do Mosteiro Nossa Senhora do Seringueiro, em pleno sol da tarde, chama a atenção de quem passa pela Avenida Presidente Dutra, em Guajará-Mirim (RO). Monja beneditina, Maria Eugenia Bernardo disse que aproveitou o dia ensolarado para retocar a pintura desenhada por ela, há três anos.
Enquanto trabalhava na paisagem típica da região amazônica ao lado de seu ajudante, André Santos, de 16 anos, Maria Eugenia falou do seu principal sonho. “Espero estar viva quando este menino [André] completar o segundo grau, para tentar inscrevê-lo em uma escola de arte”, afirmou a monja ao demonstrar o carinho pelo seu aluno de pintura.
A religiosa incentivou o adolescente André a iniciar o ensino fundamental para depois estudar arte (Foto: Rosiane Vargas/G1)
A religiosa incentivou o adolescente André a iniciar o ensino fundamental para depois estudar arte
 (Foto: Rosiane Vargas/G1)
André, que está no 5° ano do ensino fundamental, foi motivado a iniciar os estudos escolares pela freira, que percebeu nele o dom da arte de pintar. “Ele é dotado. Já pintava antes desenhos, letras e paisagens. Agora está aperfeiçoando a técnica”, afirma a religiosa ao avaliar o adolescente.
Maria Eugenia que pinta desde 14 anos, idade que iniciou a vida religiosa, diz que começou pintando cartazes para estudantes e professores, em Jardinópolis, distrito de Ribeirão Preto (SP) e com o dinheiro das vendas ajudava nas missões do convento. A partir daí, aperfeiçoou as técnicas e em uma missão na África e ensinou a arte para crianças carentes, que segundo a religiosa, posteriormente se tornaram profissionais. Mesmo destino que agora sonha para o menino André.
Cena da monja pintando o muro chama a atenção de quem passa na rua (Foto: Rosiane Vargas/G1)
Cena da monja pintando o muro chama a atenção de quem passa na rua
(Foto: Rosiane Vargas/G1)


(Fonte :g1.globo.com)






terça-feira, 13 de novembro de 2012

Luanda - O artista angolano Nástio Mosquito apresenta no próximo dia 24 de Novembro deste mês, na galeria britânica Tate Modern (Londres), uma selecção dos seus vídeos mais irreverentes, num desempenho envolvente que inclui música, spoken word e canções “a capella”.

As exibições serão feitas com base na mostra “Across the Board”, um projecto de dois anos da Tate Modern que tem como meta expandir o trabalho de artistas africanos, impulsionar a interacção entre o público local e internacional com artistas, curadores e estudiosos, com o intuito de explorar a produção cultural e artística actual em África através de uma série de eventos.

Nástio Mosquito e o nigeriano Otobong Nkanga são os artistas convidados para dar início a este 1º evento da série “Across the Board”. Foi-lhes sugerida a abordagem de aspectos relacionados a identidade cultural, suas nuances e pragmatismos dentro do quadro institucional estabelecido pela colecção da galeria.

Até 2014 estarão em curso apresentações de várias narrativas sobre arte e produção de conhecimento e questões sobre arte contemporânea africana como um campo de produção cultural.

O projecto “Across the Board” será exibido igualmente em Accra (Gana), Douala (Camarões), e Lagos (Nigéria). Vai levantar também questões sobre a política de representação, desenvolvimento institucional, espaço público e práticas interdisciplinares.

A galeria Tate Modern é uma galeria britânica de arte moderna internacional localizada em Londres, Inglaterra. Faz parte da Tate Grupo (juntamente com a Tate Britain, Tate Liverpool, St Tate Ives e Online Tate). É a galeria de arte moderna no mundo mais visitada, com cerca de 4,7 milhões de visitantes por ano.

Nástio Mosquito já esteve na Coreia do Sul e Amesterdão (Holanda).

(Fonte: portalangop.co.ao)



terça-feira, 6 de novembro de 2012


O dramaturgo William Shakespeare
As peças de William Shakespeare estão recebendo uma remodelagem ao estilo do século 21, na forma de novos aplicativos para tablets e smartphones, quase 500 anos depois que o Bardo escreveu no pergaminho. 

Peças como Romeu e Julieta e Macbethganham nova vida em aplicativos de iPad lançados pela Cambridge University Press, que une os textos com performances de áudio, comentários e outros conteúdos interativos, transformando as obras clássicas para a era digital. 

Os aplicativos são parte de uma nova série chamada Explore Shakespeare, que foi introduzida pela editora britânica para expandir o alcance do dramaturgo aos leitores casuais. 

"Muitas pessoas têm uma cópia de Shakespeare em sua estante de livros que nunca chegou a ler, porque têm essa idéia de que Shakespeare é difícil ou tem que ser estudado para ser apreciado", disse John Pettigrew, produtor executivo da série. 

Pettigrew acredita que as peças são feitas para serem apreciadas e são acessíveis desde que os leitores tenham o contexto para superar a linguagem desatualizada ou poética. 

Embora o foco principal do aplicativo seja o próprio texto, os leitores podem consultar glossários, notas, fotos e sinopses em qualquer ponto do roteiro. 

"Tudo ali é projetado para mantê-lo na peça e para colocá-lo na mente do ator, diretor ou escritor", explicou ele. 

Para entender a linguagem menos comum, os leitores podem tocar em palavras e frases para se aprofundar em seu significado. 

Os aplicativos também incluem performances completas de áudio feitas por estrelas como Kate Beckinsale e Martin Sheen. Outros recursos ajudam os leitores a visualizar as relações entre atores em cena, entender como Shakespeare entrelaça temas durante toda a peça, e analisar o texto de forma mais completa. 

"Você pode se aprofundar na língua ou temas ou na interpretação, mas a nossa primeira tarefa é mostrar que é apenas uma boa história", disse Pettigrew. 

Embora o aplicativo tenha sido projetado com o consumidor em mente, Pettigrew acredita que poderá também desempenhar um papel na educação, com os alunos abraçando o aplicativo ao invés do texto impresso. 

"Para um estudante de 13 anos, a linguagem de Shakespeare pode ser uma barreira e ter algo ali na página é realmente útil", disse ele. 

De acordo com Pettigrew, a editora escolheu desenvolvê-lo para o iPad porque é a plataforma tablet dominante nas escolas, mas ele disse que está considerando aplicativos Android e Windows 8 no futuro. 

Outros quatro aplicativos, incluindo Noite de ReisSonho de Uma Noite de VerãoHamletOtelo devem ser lançados nos próximos meses. Eles estão disponíveis mundialmente por 13,99 dólares cada. 

Pettigrew explicou que o aplicativo teve a exatidão checada por especialistas e inclui material auxiliar, com intuito de aumentar o texto original. "Para usar uma frase de Shakespeare, ‘a peça é a coisa'."


30 de outubro - Fachada de prédio de três andares no número 92 da 8ª Avenida que ficou destruída com a aproximação da tempestade Sandy. (Foto: Timothy A. Clary/AFP)
Fachada de prédio destruída com a aproximação
de tempestade Sandy em Nova York, no EUA
(Foto: Timothy A. Clary/AFP)

Quem se reuniu no Museu de Arte Moderna de Nova York, no domingo, para uma sessão sobre como salvar obras de arte danificadas nas enchentes causadas pela tempestade Sandy não teve só uma grande oportunidade de aprender sobre técnicas de secagem e controle de mofo, como também vivenciou uma espécie de reunião de grupo de apoio.
Enquanto Nova York se recupera de uma semana de quedas de energia, cancelamento dos serviços no transporte público e dezenas de milhares de pessoas desabrigadas, artistas e galeristas no centro de arte de West Chelsea, em Manhattan, estão se deparando com galerias em ruínas, depósitos inundados e obras de arte encharcadas.
Em dezenas de galerias, o nível da água chegou a 1,2 metro nos espaços de exposições do térreo, enquanto a queda de energia na maior parte do centro de Manhattan por cinco dias dificultou ainda mais o processo de limpeza. Neste fim de semana, o bairro Chelsea parecia um canteiro de obras, com lixeiras nas calçadas e operários quebrando pisos e paredes.
"Quase nenhum objeto de arte está imune a esse tipo de problema, e a grande maioria é muito sensível a isso", disse James Coddington, chefe de conservação do Museu de Arte Moderna, depois de falar com dezenas de artistas e especialistas em Manhattan.
Ele disse que espera oferecer "esperança e alguma perspectiva realista", bem como alertar sobre os riscos à saúde envolvidos na limpeza. A água da inundação pode estar contaminada com combustível e esgoto, e o dilúvio pode ter criado problemas estruturais nos edifícios.
O ofício de salvar obras de arte das águas de inundação foi bem desenvolvido desde os anos 1960, quando uma enchente devastadora atingiu Florença, na Itália, e danificou obras de valor inestimável --notadamente o Crucifixo de Cimabue.
Tempestades subsequentes nos Estados Unidos, incluindo o furacão Andrew, em 1992, e o furacão Katrina, em 2005, forçaram a comunidade artística a desenvolver técnicas para a manipulação de diferentes materiais, como criodessecação em papel e aspiração de mofo.
"Respire fundo. Você não está sozinha nisso", disse Lisa Elkin, responsável pela conservação das coleções de ciências naturais do Museu de História Natural, em Nova York.
Enquanto a tempestade Sandy atingia Nova York na segunda-feira à noite, Katie Heffelfinger, gerente de exposições, que é especializada em trabalhar com arte danificada, estava desmontando uma exposição na Pensilvânia que deveria ser movida para a Califórnia.
"Eu tinha um monte de sacos de lixo e meu bom humor para me manter firme", disse Heffelfinger. "Eu tenho manchas de pinturas que eu nunca tive antes, e isso foi muito assustador."
Ela contou que tinha ido ao evento no Museu de Arte Moderna, porque gosta "de saber que eu não sou a única que está tentando secar papel de bambu".
Durante a sessão de perguntas e respostas, Alex Schuchard, um pintor cujo estúdio no South Street Seaport inundou, encharcando milhares de obras de arte, levantou-se para perguntar se ele deveria simplesmente jogar suas telas no lixo.
A resposta: não suponha que qualquer trabalho está arruinado, priorize as obras em termos de valor e busque orientação de especialistas. 
(Fonte: g1.globo.com)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Biografia - Menotti del Picchia


Escritor e poeta e pintor e escultor brasileiro nascido em São Paulo, capital, de destacada atuação no movimento modernista, autor do poema Juca Mulato (1917), obra de repercussão internacional e que teve dezenas de edições. Filho dos italianos Luís Del Picchia e Corina Del Corso Del Picchia, ainda menino mudou-se para ltapira, cidade do interior paulista, onde fez o curso primário. Seus estudos secundários foram feitos em Campinas, São Paulo, e em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde se diplomou em Ciências e Letras. Aos 13 anos de idade começou a produzir suas primeiras produções literárias e aos 16 anos, fundou e dirigiu O Mandu, um pequeno jornal do ginásio local para divulgar suas produções literárias.

Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo (1913), ano em que publicou seu livro de estréia, Poemas do vício e da virtude (1913) e voltou para Itapira onde foi agricultor, exerceu a advocacia, dirigiu o jornal Cidade de Itapira e fundou o jornal político O Grito. Lá escreveu os poemas Moisés e Juca Mulato, ambos publicados no mesmo ano, e voltou a residir em Sâo Paulo.

Autor de romances, contos e crônicas, de novelas e ensaios, de peças de teatro, de estudos políticos e de obras da literatura infantil. Fundador, redator e colaborador de vários jornais paulistanos, suas crônicas publicadas (1920-1930) no Correio Paulistano, constituíram-se numa espécie de diário do modernismo. Com Graça Aranha, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros, liderou o Movimento Modernista Brasileiro e foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo (1922).

Fundou jornais e revistas, foi fazendeiro, procurador geral do Estado de São Paulo, editor, diretor de banco e industrial, tabelião e ocupou diversos e altos cargos administrativos. Fez pintura e escultura e foi duas vezes deputado estadual e três vezes federal por São Paulo. Pertence às Academias Paulistas e Brasileira de Letras, para a qual foi eleito (1943) para ocupar a Cadeira n. 28, na sucessão de Xavier Marques.

O poeta morreu na cidade de São Paulo, com 96 anos, e em Itapira foi dado o nome de “Juca Mulato” a um parque e seu nome do poeta a uma praça, além da construção do memorial Casa de Menotti Del Picchia. Exemplos de sua obra também foram os livros de poemas Poemas do vício e da virtude (1913), O amor de Dulcinéia (1926) e Chuva de pedra (1925), os romances Flama e argila (1920), O crime daquela noite (1924) e Salomé (1940) e as novelas e contos O pão de Moloch (1921), A mulher que pecou (1922) e O nariz de Cleópatra (1922).

Também escreveu ensaios como A crise da democracia; A crise brasileira: soluções nacionais (1935) e A revolução paulista (1932) e para o teatro como Suprema conquista (1921). 


(Fonte:brasilescola.com)






sexta-feira, 2 de novembro de 2012



Os 90 anos da Semana de Arte Moderna de 1922 são a fonte de inspiração da edição de 2012 do Festival Adaptação, que será aberto na próxima quinta-feira (8) no Rio de Janeiro.
Na programação do evento, que vai até o dia 18, serão apresentados filmes e promovidos debates que dialogam com o evento considerado um marco na cultura brasileira, pelos novos rumos que trouxe para a produção artística do país.
O Festival Adaptação, que teve sua primeira edição em 2010, tem como temática as relações entre o cinema e a literatura, que segundo os organizadores, vão muito além das adaptações de romances e outros textos literários para as telas. A influência que um filme exerce sobre o escritor que o assistiu, assim como o impacto que um livro causou em um roteirista de cinema são objeto de discussões no festival, que tem curadoria da jornalista Carolina Benjamin e dos roteiristas Rita Toledo e Lucas Paraizo.
“A curadoria se propôs a exibir obras que dialoguem com a produção dos artistas de [19]22 e das posteriores gerações de intelectuais”, explica Carolina Benjamin. É o caso, segundo a curadora, de movimentos como o Cinema Novo e o Tropicalismo, “que beberam na fonte do ideário modernista”.
Na sessão de abertura do festival, às 20h do dia 8, no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo, zona sul do Rio, será exibido, em pré-estreia, o documentário Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now , de Ninho Moraes e Francisco Cézar Filho. Além do Espaço Itaú, os filmes do festival serão apresentados no Centro Cultural Oi Futuro, no Instituto Moreira Salles e, este ano, pela primeira vez, na comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão. Lá, além de uma mostra gratuita de filmes, haverá um curso sobre cinema brasileiro, ministrado por Hernani Heffner, pesquisador e conservador-chefe da cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM).
“Por meio de uma parceria com o Centro de Criação de Imagem Popular [Cecip] pudemos dialogar com o pessoal do Alemão, ouvir as demandas e montar uma programação em conjunto”, diz Carolina, que aposta em uma parceria duradoura com a comunidade.
Um dos destaques da programação do festival é a exibição da obra completa do cineasta Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), diretor do clássico Macunaíma (1969), adaptado da obra de Mário de Andrade, e de O Homem do Pau-Brasil (1981), uma homenagem a outro pilar da Semana de 22, Oswald de Andrade.
São ao todo 60 filmes que abordam, de distintas formas, o imaginário sobre a brasilidade, desde obras de referência do cinema nacional, como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha, e Pindorama (1970), de Arnaldo Jabor, aos mais recentes Baixio das Bestas (2007) e Febre do Rato (2011), do cineasta pernambucano Cláudio Assis.
O festival conta com o patrocínio de empresas privadas e o apoio da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.


(Fonte : agenciabrasil.ebc.com.br)



Tão fácil quanto despertar o interesse de uma criança por arte é destruir o prazer dessa descoberta. Para que pais, avós e professores não percam seus rebanhos pelo caminho, a francesa Françoise Barbe-Gall lança agora no Brasil, pela WMF Martins Fontes, Como Falar de Arte com as Crianças. Uma das lições iniciais, e mais importante, é: não caia na tentação de achar que um dia chuvoso é perfeito para visitar um museu.


Julio Charleaux, de 9 anos, no Masp - Nilton Fukuda/Estadão
Nilton Fukuda/Estadão
Julio Charleaux, de 9 anos, no Masp
"É uma noção que precisa ser derrubada: ela supõe que nos resignamos a entrar nesse tipo de lugar quando todas as outras possibilidades de ‘passar o tempo’ tiverem sido esgotadas", escreve a autora a partir de suas obervações diárias no Museu do Louvre, em Paris, onde foi professora até este ano. Hoje ela se dedica à sua associação Coreta (Comment Regarder Un Tableau), a palestras para professores e à produção de outros guias deste tipo, para todas as idades. Entre os que já publicou estão ainda Como Ver os Impressionistas, Como Falar com Crianças Sobre Arte Moderna e Como Entender Uma Pintura.
O volume que chega agora ao País é destinado a adultos que querem falar sobre pintura com as crianças e traz informações práticas sobre obras, artistas e sobre como abordar determinadas questões com crianças entre 5 e 13 anos - ela as divide em três grupos. Conta, por exemplo, que as que têm entre 5 e 7 anos criam suas próprias histórias para o que veem na tela e se divertem imitando os personagens. Já as de 8 a 10 se encantam com as diferentes civilizações e aqueles entre 11 e 13 querem saber sobre a vida dos artistas. A autora mostra como tirar proveito dessa curiosidade.
Françoise escolheu a idade de 5 anos para começar porque é quando o vocabulário se amplia. Porém, não é preciso esperar até lá. "Antes dessa idade, é importante cultivar a familiaridade com as imagens. Se os pais acostumarem as crianças a verem reproduções de obras no ambiente familiar, a arte se tornará uma coisa normal", conta a autora ao Sabático.
Mas a arte não está em todas as casas e Françoise não vê como problema que pais deleguem a educação artística de seus filhos às escolas. Na verdade, acha até melhor. "Se não gostam, não deveriam abordar o tema. O tédio é contagiante", brinca. Eles terão outras oportunidades de serem sensibilizados, mesmo que achem, como grande parte das crianças acha, chato visitar um museu.
O espaço é enorme, mas não se pode correr lá. Tem de falar baixo, não pode encostar em nada, não pode comer. As visitas são longas e por todo o tempo eles têm de se comportar. Dependendo do museu, haverá muita imagem religiosa, ou então, muita escultura. E se a criança já demonstra antipatia por determinado tipo de obra, fica tudo mais difícil - mas não impossível, garante a autora.
A teoria na prática. Já na entrada da primeira sala do Museu de Arte de São Paulo, Julio Charleaux diz que aquele museu é um lugar chato. Ele, no entanto, não fala isso porque preferia estar jogando bola ou videogame. Aos 9 anos, já conhece suas preferências: "Não gosto muito de pintura de pincel, só de lápis grafite." Ele vai se desarmando durante a visita e, bom desenhista, começa a copiar a tela A Canoa Sobre o Epte (1890), de Claude Monet. Depois, dá uma volta e logo se encanta com As Tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch, datada de cerca de 1500. Percebendo que o quadro tinha mais ou menos a idade do Brasil, se assombra: "E está vivo até agora? Como?" É nesse momento que aprende lições de conservação e ouve que é para que o quadro permaneça vivo por muitos outros séculos que é proibido fotografá-lo usando flash.
Julio costuma ir a museus por influência dos pais. Em Santiago, no Chile, gostou muito do Interativo Mirador - pudera, lá as crianças aprendem na prática o que veem na escola. Por outro lado, recentemente ele foi à exposição do cartunista Angeli, no Itaú Cultural, e saiu frustrado porque não o deixaram entrar em determinada sala, proibida para menores de 16 anos. "Não deixaram porque tinha desenho de mulher pelada, mas eu sempre vejo isso em quadro. Olha, tem mulher pelada ali", esbraveja apontando para Banhista Enxugando o Braço Direito (1912), de Renoir.
A questão da nudez é abordada no livro, e a autora conta que ela causará constrangimento em meninos e meninas nos seus 11, 12 e 13 anos. Para ela, evitar o tema é um absurdo e a sugestão para deixá-los mais confortáveis é que se apresentem os sentidos da obra - a relação simbólica com a verdade, as pesquisas de anatomia, etc. Françoise antecipa, também, questões e comentários que os três grupos de idade escolhidos por ela podem fazer. No fim da obra, há reproduções de 30 quadros com esses comentários e as possíveis respostas (veja dois exemplos abaixo). Para ilustrar a seção, escolheu artistas de períodos e nacionalidades diversas: Bosch, Ticiano, Botticelli, Vermeer, Goya, Caravaggio, Van Gogh, Monet, Chagall, Mondrian...
Algumas das telas selecionadas são famosas - Mona Lisa está lá, claro -, mas o critério da autora foi mostrar quadros ricos que pudessem abrir o caminho para outras imagens. Assim, quem não pode ir ao MoMA, de Nova York, ver a tela O Aniversário, de Chagall, que está no livro, tem a chance de conhecer o trabalho do artista no Masp, onde está exposto O Vendedor de Gado. Além disso, as respostas e abordagens sugeridas pela autora são também facilmente transportadas para outras pinturas, de outros autores.
Há ainda informações sobre temas frequentes na arte, como mitologia, religião, alegoria, história e paisagem - com indicações de livros sobre tais assuntos. E muitas dicas práticas. Por exemplo, uma vez no museu, faça a visita no ritmo da criança e não force um tour completo. Se a fila para entrar estiver longa, passe na cafeteria antes de começar o passeio para quebrar o tédio da espera. Esqueça frases do tipo "Você vai ver, o quadro é muito bonito". Transforme a ida ao museu num programa e na saída, passe numa lanchonete. Deixe que a criança descubra os quadros sozinha, se encante por eles. Segundo a autora, é possível que ela eleja o seu "queridinho" e queira sempre voltar a vê-lo. Não tem problema. A cada vez que o quadro for visto, um novo detalhe chamará a atenção. E mais: uma hora a fixação por ele será transferida para outra obra.
Na volta para casa, o ideal é manter o assunto vivo, mostrando, em livros, outros trabalhos daqueles artistas, contando a história deles, ouvindo músicas da época da pintura. Para quem não tem museu à mão, os livros de arte ajudam. "O único inconveniente é que podem dar a impressão de que a arte está reservada apenas a pessoas dotadas de grande conhecimento", explica.
Visita com os pais ou com a escola a museus, livros de arte espalhados pela casa. Apesar de todo o esforço, pode ser que a criança não goste mesmo de pintura e para a autora isso é ok. "Todas as pessoas podem ser tocadas pela arte; a questão é encontrar a que consegue tocá-las. Algumas são sensíveis à imagem, outras à música, ao teatro... Isso não acontece sempre na mesma idade para todos. É por esse motivo que é essencial abrir as portas e mostrar que não se trata de obrigação, e sim de prazer."
 
TRECHOS
Mulher Chorando, de Pablo Picasso

5 a 7 anos
Ela está toda quebrada.
Ela não está quebrada, ela se sente quebrada por dentro. O que vemos no quadro é o que ela sente: tudo dá errado, nada a ajuda.

8 a 10 anos
A mulher pintada existiu de verdade?
Sim, ela vivia com Picasso e se chamava Dora Maar. A morte de seu pai a transtornara. A partir de uma pessoa específica, ele inventou um rosto modelar, no qual cada ser humano pode reconhecer a face de sua própria dor.
11 a 13 anos
Esta imagem é desagradável.
A dor não é agradável. Por que o quadro que a representa deveria sê-lo? Picasso foi o primeiro que soube pintar a dor a partir do interior.
O Colosso ou O Pânico, de Goya
5 a 7 anos
Todo mundo está fugindo.
Mal conseguimos distinguir os personagens, distantes e numerosos demais. Eles vão em todas as direções.
8 a 10 anos
Por que Goya pintou uma criatura imaginária?
O quadro, assim, é mais complexo: esse colosso pode representar um perigo que amedronta as pessoas, pode simbolizar a guerra.
11 a 13 anos
É um acontecimento específico?
Provavelmente ele faz alusão às campanhas de Napoleão, embora não saibamos se o colosso representa a ameaça francesa ou o gênio da Espanha que vela seu povo.
 
COMO FALAR DE ARTE COM AS CRIANÇASAutora: Françoise Barbe-Gall
Tradução: Célia Euvaldo
Editora: WMF Martins Fontes
(176 págs., R$ 49,80)



(Fonte : estadao.com.br)



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