Rio -  Os muros externos da estação de metrô Acari/Fazenda Botafogo ganharam um colorido especial pelas mãos de Panmela Castro, mais conhecida como Anarkia Boladona, que, este ano, foi considerada uma das 150 figuras femininas que estão “bombando” no mundo, segundo a revista americana ‘Newsweek’, dividindo a lista com personalidades como a presidenta Dilma Rousseff e a apresentadora americana Oprah Winfrey. “Sou uma das únicas mulheres representantes do grafite no Brasil e luto para que isso mude”. E para transformar esse cenário, a artista da Penha, de 31 anos, reuniu uma equipe formada por 30 mulheres para participar do concurso Copa Grafite. Juntas, elas coloriram as paredes que escondem os trilhos do bairro.
Estação de metrô é enfeitada | Foto: Fernando Souza / Ag. News
Estação de metrô é enfeitada | Foto: Fernando Souza / Ag. News
No último domingo, 15 equipes comandadas por grandes grafiteiros brasileiros como Mário Band’s, Carlos Acme, e, é claro, Anarkia Boladona, começaram a cobrir de arte as paredes das estações da linha 2 do MetrôRio com temas relativos à cultura dos locais cortados pelo trem. Eles são concorrentes no Copa Grafite, que vai premiar com R$ 20 mil em dinheiro o ganhador escolhido através de voto popular (pelo: www.facebook.com/metrodorio) e júri especializado, com resultado anunciado em 12 de dezembro. Até lá, a artista segue rodando o mundo.
“Acari faz parte do meu dia a dia, cresci no subúrbio. Na arte que fizemos aqui, retratamos o baile funk, a música e a famosa feira do bairro”, diz ela, que hoje se manda para o Chile, a trabalho. “Só este ano, já estive em mais de 10 países, como Alemanha, Canadá, Turquia e Espanha. Mas é aqui que me divirto. Não curto aquelas festas cheias de socialites”, confessa Anarkia. Aos 18 anos, ela entrou para a faculdade de Belas Artes e ganhou da mãe a liberdade. Foi quando começou a pichar frases em muros e, depois, transformá-las em imagens: “Descobri o grafite e com isso saí da marginalidade da pichação”.

Mas a grafiteira não é reconhecida internacionalmente apenas pelos seus desenhos. Ela também é a idealizadora e presidente da Nami, um grupo feminino que usa arte de rua para lutar contra a violência doméstica sofrida por mulheres. “Esse tipo de agressão existe em qualquer lugar do mundo. Acho importante divulgar a Lei Maria da Penha. A minha própria mãe já passou por essa situação recentemente”, conta Anarkia, que, se ganhar o concurso, pretende comprar uma casa na comunidade da Maré para ser a sede da Nami. É a Cinderela feminista em ação.
Sobre a Nami
Idealizada e presidida pela grafiteira Panmela Castro, Nami é um grupo integrado por ativistas feministas, que organizam oficinas de grafite gratuitas em comunidades, onde também dão palestras sobre os direitos das mulheres. “Chegar em um lugar para falar sobre violência doméstica é muito complicado, nossa abordagem acontece através do grafite com temas referentes ao universo feminino”, explica Panmela.
Para quem quiser participar do grupo, é possível entrar em contato através do site http://www.redenami.com/.
A rede conta com 30 associadas e mais de 100 colaboradoras. O trabalho social feito pelas integrantes da Nami é inspiração artística para a grafiteira que ganhou visibilidade internacional. 


(Fonte : odia.ig.com.br)